Somos melhores (e maiores) quando cooperamos

A nossa reportagem de julho é dedicada à reabilitação da ponte de arame – quase centenária – que liga Rebordelo a Arnóia, ou seja, Amarante a Celorico de Basto, que é como quem diz o distrito do Porto ao distrito de Braga. Mas não é a primeira vez que a Flor do Tâmega se interessa pelo tema das pontes. A Raquel Marinho, em abril de 2023, já tinha dado a sua perspectiva sobre a importância da ligação entre as margens do Tâmega e a Ponte de S. Gonçalo teve destaque na reportagem de janeiro deste ano.

A obra, que foi apenas projeto durante quase duas décadas, durou dois anos e tem inauguração prevista para meados de setembro. Foi um longo caminho e a Dora Mota conta-nos esse percurso na reportagem “O presente abraça o passado na ponte de arame sobre o Tâmega”. Dependeu da dedicação de muitos – os que projetaram, os que financiaram e os que lá trabalharam – e de uma decisão fundamental: o abandono do projeto da Barragem de Fridão, que inviabilizaria a reabilitação da ponte, considerada património arquitetónico pela Direcção Geral do Património Cultural.

O resultado de todo este empenho é a recuperação de uma estrutura com valor arquitetónico –  e isso já seria suficientemente relevante. Mas o valor desta reabilitação há-de depender muito do uso que as pessoas venham a dar à nova ponte de arame. Por certo, já não será o uso que lhe era tradicionalmente dado: a necessidade – social e económica – de circulação de pessoas e bens. Será uma utilização eminentemente turística, tanto para as populações locais como para quem venha de outras paragens. Para isso, é importante que esta estrutura seja enquadrada por outras valências – a ligação à Ecopista do Tâmega será uma boa estratégia –  e que seja divulgada com uma boa estratégia de comunicação. 

Imagino que fará sentido que todo esse trabalho siga o mote do que foi feito até agora: uma lógica de cooperação entre municípios – Amarante e Celorico de Basto – coordenada por uma entidade supra municipal, a Associação de Municípios do Douro e Tâmega. Porque – muitas vezes – assim é possível mais e melhor. E, em termos mais locais, podemos ver aqui um exemplo que sirva até para pensar numa dimensão mais micro, nomeadamente se falarmos da coordenação de Juntas de Freguesia. Assim, de forma articulada e sem egos, será possível servir a população com projetos maiores (também em termos financeiros) e melhores.

Recorrendo à ideia – feliz – do “abraço”, do secretário-geral da AMDT, Ricardo Magalhães, diria que não é só a nova ponte que abraça a velha. Ligar as margens do Tâmega é um abraço ainda maior: é respeitar a tradição da circulação entre Rebordelo e Arnóia – que até casamentos trouxe -, é envolver pessoas num projeto que também é afetivo – veja-se as declarações do responsável da empresa amarantina que fez a obra – e é proporcionar alternativas de lazer próximas aos locais de ambos os municípios.

Crismaga/DR