(Re)descobrir Amarante

Pensar em férias no período de verão remete-nos para um imaginário de sol, calor, praia, bebidas frescas e cheiro a protetor solar. Almoços e jantares à fresca, com amigos e família. Caminhadas por trilhos idílicos até lugares com horizontes a perder de vista. Ou dias de silêncio e descanso, a pôr a leitura em dia. Para alguns – seis em cada 10 portugueses, segundo dados da Pordata – significa a possibilidade de mudar de ares e viajar para o estrangeiro ou para outros locais de Portugal. 

Isto significa que – por inferência – quatro em cada 10 amarantinos podem ter tudo isto, mas sem sair de Amarante, porque não têm condições financeiras para pagar uma semana fora de casa. São um público, ou mercado, turístico relevante, mas recorrentemente ignorado pelos operadores e pelas estratégias oficiais de turismo. A nossa reportagem de agosto é sobre essas férias, as que os amarantinos podem fazer sem sair do concelho.

Há ainda um outro conjunto de pessoas que contribui para o aumento da população em Amarante nos meses de julho e agosto, mas que não é estritamente “turista”: aqueles que, sendo naturais de Amarante, foram morar para outras localidades do país, mas regressam para visitar a família e a terra natal. E, finalmente, o regresso por excelência, o dos nossos emigrantes, que já abordámos na nossa reportagem de agosto de 2023

Todas estas são pessoas disponíveis para redescobrir o concelho, que é vasto e não se resume à oferta mais convencional ou mais divulgada do centro da cidade. Temos 26 freguesias, cada uma com o seu património – material e imaterial -, com os seus eventos e com o seu potencial turístico.  Claro que caberá a cada um ter a iniciativa de construir o seu programa, que pode muito bem integrar atividades propostas – e divulgadas – aos “verdadeiros turistas”. Não se trata aqui de reclamar algum tipo de  exclusividade. Trata-se, antes, de lembrar que há um grupo de cidadãos, também consumidores, que poderá estar aberto a propostas diferentes, desde que não sejam caras.

Desta vez falámos de férias, mas a verdade é que, por esta altura, esses dias já parecem longe para muitos e avizinha-se o regresso às aulas e ao trabalho. O cheiro a mar, rio e natureza é substituído pelo cheiro dos livros novos e dos cadernos (sim, têm um cheiro maravilhoso) e os sons do verão dão agora lugar à cadência de máquinas, teclados e barulho de trânsito. Deixamos aqui o desafio de, no próximo verão, embarcarmos na aventura de descobrir – ou continuar a descobrir – novos lugares e experiências em Amarante.