As muitas Festas de agosto 

Há música, jogos, bebida, baile, fogo de artifício, conversa e cantoria, tempo para matar saudades, fé, comida, leilões, jogos de futebol e concursos. E porco no espeto e DJ, coisas já dos tempos mais modernos. O concelho de Amarante está em festa durante todo o ano, mas é nas primeiras semanas de agosto que se concentram a maior parte das festividades que honram santos padroeiros e os emigrantes, que, habitualmente, regressam de férias nesta altura. Tradicionalmente, voltavam também para casar, para os batizados e comunhões dos filhos. Dino Meira imortalizou este regresso e a ideia de agosto como um mês de celebração e encontro: Meu Querido Mês de Agosto/Por ti levo o ano inteiro a sonhar/Trago sorrisos no rosto/Por que sei que vou voltar. Hoje em dia acrescentam-se outras histórias, outras formas de ‘voltar à terra’ e de receber quem chega. Fomos a três festas em Amarante, para ouvirmos algumas dessas histórias. 

“Conhecemo-nos de lá e encontramo-nos cá!”

Em Olo há muitos anos que não havia Festa do Emigrante. Foi tradição e deixou de ser. Por isso, não será descabido dizer-se que se trata de uma primeira edição. Cumprimos à risca o cartaz: no dia 11 de agosto, às 18h, chegámos ao recinto da antiga escola primária de Olo. Com muito sol e calor e ainda a tempo de testemunhar os preparativos finais da Comissão de Festas, que também tratou do ‘fogo da Páscoa’ e da festa em honra do padroeiro, S. Paio, em junho. É trabalho voluntário, que este ano coube a Graça e às irmãs Sónia e Rita. É uma tarefa exigente para três pessoas e por isso não pensam continuar no próximo ano, mas fazem-no com entusiasmo: “organizamos isto com muito carinho, porque os nossos emigrantes merecem”, garantem.

Graça e Rita. Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Têm o apoio logístico da Junta – a União de Freguesias de Olo e Canadelo – e da gente da terra, que participa nas atividades e compra as rifas, mas acaba por pesar na vida de quem tem a responsabilidade de pôr tudo a funcionar: “no próximo ano, com o estágio, seria ainda mais complicado”, desabafa Rita, que estuda Educação Social da Universidade do Porto.

Graça e Rita lembram-se do tempo em que, em agosto, os emigrantes traziam os filhos para serem batizados e para fazerem a comunhão, mas desde que as comunhões passaram para o dia do padroeiro já não é assim, a tradição perdeu-se. Esta mudança das comunhões para maio e junho não é exclusiva de Olo e ocorreu por todo o país. Mas os emigrantes continuam a vir.

Júlia, de Olo, e José, de Lamego, vivem em Sartrouville. Júlia há 46 anos e José há 52.  Uma vida em França. Vêm todos os anos – têm casa na Madalena (Amarante) – e este ano já cá estiveram na Páscoa: “agora é mais fácil vir mais vezes, já não só em agosto”, explicam. Ainda vêm de carro, mas há a facilidade do avião e o facto de já estarem ambos aposentados. 

Com dois filhos e cinco netos já nascidos em França, não pensam em regressar definitivamente a Portugal. Para além da família que os ‘prende’, pesam melhores condições de vida, por exemplo no que respeita ao acesso a cuidados de saúde. A não ser que os filhos viessem para Portugal: “aí a situação já seria outra”, admitem. O que não está fora de questão, pelo menos no caso da filha que tem casa em Braga e também está de visita com a família: “vamos lá almoçar este domingo”, adiantam. “Dependeria da nossa filha e do nosso genro conseguirem emprego cá”, rematam. Até porque, dizem, “as gerações mais novas têm apego a Portugal, gostam de vir cá”.

António também está em Sartrouville há 58 anos. Alice e Alfredo vivem em Achères, há 55 e 57 anos, respetivamente. Quando se juntam à conversa, percebemos que o relato é semelhante: um regresso definitivo adiado. Mas sempre vontade de vir: “no ano passado estive cá o ano todo”, lembra António. 

Ao longo destes anos, têm percebido diferenças em Amarante. Na qualidade das estradas e em mais e melhores serviços. Mas também acham que as pessoas estão “mais abertas”.  Apesar de sempre terem sido bem acolhidos, houve alturas em que se sentiram ‘olhados de lado’, por serem ‘os emigrantes’, aquelas pessoas que em agosto fazem com que haja mais trânsito, mais utentes nos serviços, mais clientes, mais demoras. Hoje em dia, já pouco notam estas reações.

Júlia e José. Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Marta Marinho. Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Marta Marinho, presidente da União de Freguesias de Olo e Canadelo, eleita em 2021, identifica esse aumento sazonal: “a população da freguesia quadruplica no Verão”. O que vê como um aspeto muito positivo, lamentando que não haja ainda capacidade de fixar os emigrantes e as suas famílias: “seria ótimo, mas não é ainda viável. As famílias já estão estabelecidas nos países de acolhimento e têm uma qualidade de vida e um acesso a serviços que ainda não é possível oferecermos”. Mas, adianta, “poder contar com os emigrantes nas ocasiões especiais é muito bom”. Reconhece a relevância de se retomar a festa do Emigrante em Olo: “é importante acarinharmos os nossos emigrantes, homenagear o seu esforço e trabalho e a alegria que trazem quando regressam”, sublinha.

Amarante e Olo são um ponto de encontro para Júlia, José, António, Alice e Alfredo. E tantos outros. São sítios para reverem quem cá vive e reencontrarem outros emigrantes que conhecem, mas de outro contexto: da vida quotidiana, de trabalho. Por isso, o encontro cá tem outro sabor: “conhecemo-nos de lá e encontramo-nos cá”, diz Júlia. “Não somos nem de cá nem de lá”, remata.

Entretanto, o tempo passou. Da varanda sobre o Marão, vimos o sol a pôr-se e, num repente, chegaram a noite, a iluminação pública e uma brisa. As 10 pessoas passaram a 100, dos 8 meses aos 80 anos. O burburinho cresceu para conversas animadas, numa mistura de português e francês (especialmente entre os mais novos) em que todos se entendiam. Das conversas, percebia-se que veio à Festa gente desta e de outras freguesias e que não faltaram (re)encontros: “Esta senhora também é nossa prima!”; “Pai, esta senhora era a melhor amiga da falecida avó!” ou “Ó pá, o teu filho vai ter de beber um copo!”.

Fotos: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Aos poucos, passou-se do porco no espeto para os doces. Num modo de funcionar eficiente, mas familiar. Joaquim e Joaquina não se consideram profissionais do porco no espeto, mas “já têm feito muitas festas”, asseguram. Apesar de ser mais recente que as tradicionais bifanas (que ainda persistem em alguns cartazes), o porco no espeto parece ser popular: “é mais rápido e prático e as pessoas ficam satisfeitas, que é o mais importante”, garantem. Luísa é de Vila Chã e trouxe a mesa de sobremesas. Ainda que diga que “é um hobby”, já costuma estar em Olo, na Festa das Papas, em Canadelo e em Rebordelo.

De repente, montou-se um palco onde antes não havia nada. Ouviu-se um sound check – já durante e festa -, antes de um início com cantigas ao desafio, em jeito de agradecimento pelo convite.  Uma guitarra, um acordeão e um sintetizador animaram um baile que começou tímido: as primeiras a irem para a pista foram a Alexandra e a Alexia, mas logo se foram entusiasmando os adultos. Melhor dizendo, as adultas: as mulheres fizeram os primeiros pares de dança, enquanto os homens jogavam à malha. À saída, dois rapazes davam uns toques na bola. Mas já não ficámos para o fim da Festa.

Em honra da Senhora do Vau: entre a tradição e a inovação

De uma varanda sobre o Marão para a margem do Tâmega: no dia seguinte, sábado, foi dia de irmos a Gatão. A Festa já tem tradição no concelho e este ano propunha-se um programa alargado: seis dias (não consecutivos) de atividades, com início a 5 de agosto – no fim-de-semana anterior – até ao dia 15, o dia dedicado a Nossa Senhora do Vau. Mas nem sempre é assim: “o facto de o dia 15 calhar a uma terça fez com que o programa se prolongasse por mais dias”, explica Mauro, membro da Comissão de Festas.

Fomos a Gatão à noite. A iluminação começa a ver-se da estrada e anuncia a Festa. Já no recinto, percebe-se que tudo se organiza à volta da capela da Senhora do Vau, toda ela também iluminada.  Há barracas de comes e bebes e, ao fundo, um palco com um DJ, onde, mais tarde, também houve karaoke. Temos de contornar o recinto pela direita para chegarmos ao restaurante improvisado, de mesas corridas e muito concorrido.  A Comissão de Festas desdobra-se entre atender ao balcão, fazer e levar pedidos e levantar mesas. 
Apesar de ser sábado, não viemos na noite mais forte da Festa, que é na segunda, antes do feriado: “temos fogo de artifício todas as noites, mas o de segunda é o maior, porque é a véspera do dia da Senhora do Vau”, explica Mauro. É uma Comissão de Festas de sete jovens, entre 24 e 25 anos, seis homens e uma mulher. Todos solteiros, porque assim dita a tradição: a Comissão do S. João é de casados e esta é de solteiros.

Mauro. Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Durante anos foram paritárias, mas a tradição perdeu-se e passaram a ser formadas só por homens. Mas este ano, pela primeira vez em muito tempo, há uma mulher na Comissão, quem sabe a abrir caminho para que a próxima já integre mais. Manda o costume que seja esta Comissão a nomear a do próximo ano, porque é uma responsabilidade que tem de circular entre todos: “podem sempre recusar, mas…”, brinca Mauro. “Fazemos isto com muito gosto, mas é muito exigente”, continua. Até porque nem todos moram em Amarante ou em Gatão: há quem trabalhe, por exemplo, em Lisboa ou Ovar. “Fomos (todos menos um) colegas da catequese, por isso esperámos até todos podermos, porque era uma coisa que queríamos fazer juntos”, explica.

É uma equipa de gente jovem, que procurou introduzir mudanças, também no cartaz. “Mas queremos manter as atividades que já são tradicionais e que as pessoas esperam encontrar”, esclarece Mauro. Como, por exemplo, o leilão, os grupos de bombos e o peditório (no fim-de-semana anterior), que, a par da publicidade no cartaz, financia a Festa. Para a animação musical, só foram contratados artistas da terra e jovens, uma marca desta Comissão.

Ainda assim, sentem o peso da ‘concorrência’, com tantas festividades a decorrerem por todo o concelho e, em particular, a animação no centro da cidade, que não fica longe: “as pessoas jantam cá, mas depois vão para a cidade”, explica. “Mas os mais jovens ficam!”, acrescenta. Pudemos testemunhar que sim, com as mesas onde jantaram a transformarem-se em espaço de convívio.

Quem também marca presença são os emigrantes: “há quem marque as férias para coincidirem com as festas”, realça Mauro.  “Muitos já fizeram parte da Comissão de Festas no passado e têm gosto em voltar e ter na Festa um ponto de encontro”, acrescenta. Explica ainda que muitas famílias emigrantes jantam e almoçam no recinto da Festa, como forma de apoiarem financeiramente a organização.

“A comunidade faz acontecer!”

No domingo voltamos a subir, agora até Sanche. Pelo fim da tarde, para participar na procissão em honra de Santo Isidoro. Ainda faltava mais de meia hora, mas o adro da igreja já se ia enchendo. O dia 13 de agosto foi quente. Perto das 18h, o Grupo de Bombos foi buscar os andores e escoltou-os até ao adro. Porque a procissão cumpre um ritual.

Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

Até às 18h30, há tempo para dar os últimos retoques nos andores, pôr dos fios de ouro no Menino e pagar as promessas: prendem-se as notas a fitas penduradas nos Santos, à vista da congregação. Os membros da Comissão de Festas – que se distinguem pelas t-shirts – circulam e ajudam nas várias tarefas. Chega o momento de se alinharem os andores e as autoridades civis e religiosas. Sente-se o incenso e um burburinho, enquanto se aguarda. Ouvem-se tambores, o toque do sino. A banda começa a tocar e a procissão arranca. Faz-se silêncio e os populares seguem no fim. Um pouco mais à frente, um só foguete sinaliza o percurso. 

Há gente a acompanhar a procissão de cada lado da estrada e até a esplanada do café – repleta – silencia à passagem. Pelo caminho, encontram-se conhecidos e há até ocasião para cumprimentos. O sol ainda está forte, mas a brisa ajuda, e os cumes do Marão convidam à contemplação. Os bombos ainda se ouvem, mas cada vez mais longe. Já mais a meio do percurso, há quem não resista a uma conversa, ainda que contida, em português e em francês: afinal este é também um lugar de encontro. Outro foguete.

Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

A procissão segue até dar a volta e inverter o sentido da marcha, numa pequena rotunda improvisada, feita de pétalas, e começa a subir, já a caminho do fim. Durante uma parte do percurso, cruza-se o cortejo. João Pedro, membro da Comissão de Festas, explicou esta opção menos habitual: “a procissão não passava numa parte da freguesia. Assim, foi uma forma de todos se sentirem mais integrados e de pessoas com mobilidade reduzida poderem assistir”.

À chegada, um último foguete. Enquanto recolhem os andores – Santo Isidoro, Santo António, o Menino Jesus, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Rosário – a banda toca e o sino repica. O cortejo desfaz-se, mas os bombos ainda vão continuar.

João Pedro e Emanuel são irmãos e fazem parte da Comissão de Festas. Pelo segundo ano consecutivo, um grupo de dez jovens, entre os 26 e 27 anos, quatro homens e seis mulheres, desempenharam a tarefa de pôr de pé as festas em Honra de Santo Isidoro. Uns vivem em Sanche ou Amarante e outros estudam fora, mas regressam ao fim-de-semana. E é assim que se organizam. “O convívio não é o mesmo de há uns anos, mas funciona!”, diz João Pedro.

Mas o trabalho começa muito antes. Durante o resto do ano, organizam atividades para angariar fundos para a Festa. Há os patrocínios, rifas, um leilão e um peditório. E recebem apoio logístico da Junta de Freguesia. Uma grande fonte de apoio são os emigrantes. “Dão-nos um grande contributo financeiro. Gostam de ajudar”, esclarece João Pedro. E há até um grupo de bombos no cartaz – o Benfica de Achères – constituído pela comunidade de emigrantes de Sanche. Os apoios vêm de muitos lados e também “dos amigos e da família”, lembra Emanuel. E remata: “a Comunidade faz acontecer!”

Foto: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

São três dias de festa com um cartaz diverso. João Pedro explica que procuram ir ao encontro da diversidade de idades, o que implica manter algumas atividades tradicionais, mas também introduzir outras diferentes, como é o caso do porco do espeto ou do DJ na noite de sábado. “Percebemos que, depois da atuação principal ao sábado, os mais jovens acabavam por ir para outras festas, porque não tinham alternativa. Assim, já ficam por aqui”, esclarece. E este ano deram preferência a grupos de Amarante: “Para além de ser uma forma de apoiarmos os artistas da terra, acabam por atrair mais gente”, acrescenta. 

Depois destes dois anos, a Comissão de Festas vai passar o testemunho. Para além de ser uma tarefa exigente, João Pedro e Emanuel apontam outro motivo: “é preciso ideias novas! E isso só se consegue com renovação.”

Fotos: Nicolau Ribeiro, Amarante Magazine

“É um mês muito curto para tantas festas!”

Em agosto Amarante está em festa. Além das comemorações que ocorrem um pouco por todo o concelho, a Câmara Municipal de Amarante organiza o HÁ FEST! – Festival da Juventude, que este ano teve a oitava edição, entre 9 e 15 de agosto, com atividades em Vilã Meã e no centro da cidade, e o Há Sabores N’Alameda, de 28 de julho a 14 de agosto, na Alameda Teixeira de Pascoaes. De 3 a 6 de agosto, no Largo de Santa Luzia, na freguesia de S. Gonçalo, decorreu a já tradicional Semana do Emigrante, organizada pela ERA – Emissora Regional de Amarante, com o apoio do Município. E de 28 de julho a 6 de agosto, cinco freguesias e uniões de freguesias articulam-se para apoiarem a organização do Amarante Viola’s Fest.

A quantidade, neste caso, também implica diversidade. Diversidade geográfica, já que há iniciativas por todo o concelho e não apenas no centro; cartazes para todos os gostos e que contemplam as diferentes gerações. Os sons típicos da música popular portuguesa misturam-se com sons mais contemporâneos e multiculturais dos DJ e as bifanas – já em desuso – convivem com o porco no espeto. Há Festas do Emigrante, em honra de santos padroeiros ou simplesmente Festas de Verão. 

Mas é inegável que, concentradas num período tão reduzido, acabem inevitavelmente a competir por público e recursos. E a coincidência de datas não se verifica apenas entre as iniciativas das diferentes freguesias do concelho. No dia 11 de agosto, dia da Festa do Emigrante em Olo, começava também a Festa de Verão em Canadelo – ambas na União de Freguesias de Olo e Canadelo. Ainda decorria a procissão em honra de Santo Isidoro, em Sanche, e já começava a festa que comemora Santa Maria de Aboadela – ambas na União de Freguesias de Aboadela, Sanche e Várzea. E quanto à Senhora do Vau, até pelo cartaz de seis dias, compete com animação no centro da cidade e com a festa em honra de Nossa Senhora da Assunção, em Cepelos – afinal, trata-se da União de Freguesias de S. Gonçalo, Madalena, Cepelos e Gatão. 

Pelo que pudemos apurar não há qualquer tipo de concertação entre as múltiplas organizações, que tanto podem ser comissões de festas como grupos desportivos e recreativos. Mantêm-se as datas de sempre ou, havendo mudanças, são feitas em função do interesse da comunidade que acolhe a festa. A verdade é que estas coincidências não têm impedido a realização dos eventos ou desmoralizado os organizadores. Mas reconhece-se que criam dificuldades. João Pedro e Emanuel, da Comissão de Festas em Honra de Santo Isidoro, admitem que este ano foi difícil encontrar artistas e bandas de Amarante disponíveis para integrarem o cartaz, porque a procura é muita. “É um mês muito curto para tantas festas!”, foi o desabafo bem disposto de Mauro, da Comissão de Festas de Nossa Senhora do Vau, ao referir-se à concorrência da animação no centro da cidade. A Reorganização Administrativa do Território das Freguesias (RATF) já tem 10 anos, mas parece funcionar, precisamente, apenas no plano administrativo. No que toca aos costumes e à cultura continua a vigorar a tradição popular. 

Segundo dados da PORDATA – a partir de informação do Instituto Nacional de Estatística – a trajetória descendente dos números da emigração, que se verificava desde 2014 – ano em que atingiu um pico, com 134 624 pessoas a saírem de Portugal por um ano ou mais –, inverteu-se em 2022. De 65 893 emigrantes em 2021, passou-se para 71 717. Não temos dados por concelho, mas, admitindo que é uma tendência generalizada, não faltarão histórias de reencontros em agosto e regressos adiados de muitas outras Júlias, Josés, Antónios, Alices e Alfredos.


Nota da Redação: esta reportagem é um trabalho conjunto da Flor do Tâmega e da Amarante Magazine, com texto de Sandra Marinho e fotos de Nicolau Ribeiro.