Amarante e o Rio

São muitos os exemplos de cidades que vivem em relação com um rio que as atravessa. Mais: vivem até desse vínculo. À volta do curso de água organizam-se atividades económicas e o quotidiano das gentes. Os artistas imortalizam-nos na literatura, na pintura, pela música. E são apropriados pelo turismo das cidades: o apelo a olhar Paris a partir do Sena, o Cairo a partir do Nilo e, pela parte que nos toca, Amarante a partir do Tâmega, numa guiga. É para essa relação que olhamos nesta edição.

Mas não falamos de uma relação sempre tranquila. Elsa Costa e Silva retrata essa realidade numa reportagem sobre as cheias na zona urbana, no quadro das alterações climáticas cujos efeitos vamos sentir nas próximas décadas. É um fenómeno com passado, mas que se projeta num futuro não muito longínquo e que requer uma estratégia de mitigação. É a História que trazemos desta vez.

A Memória destes acontecimentos está gravada nas paredes do centro urbano, mas também nas recordações de quem viveu a subida das águas e até nas páginas do jornal Flor do Tâmega.  

Sobre esta simbiose entre a terra e o rio escreve também Raquel Marinho, quando pede mais Braços Sobre o Tâmega, mais ligações entre as margens. Mais pontes. Pontes que promovam equilíbrio e coesão territorial. Pontes para a equidade.

Finalmente, Milene Barros e Fábio Ribeiro levam-nos até Vila Caiz, na primeira “experiência” do nosso Laboratório. Trata-se de uma incursão pelo jornalismo cultural, cruzando Amadeo, tradição e gastronomia

Aproximam-se os dias em que o centro urbano de Amarante se enche de gente, de som e de cor. São as Festas do Junho, que unem sagrado e profano à volta do Tâmega. A Festa concentra-se no primeiro fim-de-semana de junho, mas começa antes e acaba depois. É erguida e desmontada por um exército de pessoas “invisíveis” que aqui queremos lembrar: quem instala e recolhe a iluminação; os vendedores alinhados pelas ruas e as roulotes de comida e bebida; quem organiza e põe em marcha a Procissão; quem ilumina o céu com fogo de artifício; quem zela pela segurança de quem festeja; e quem limpa as ruas, depois da Procissão passar e da Festa esmorecer. Vamos “junhar”, tendo em mente os “invisíveis” que a erguem.