Se pensarmos no Marão como o “pulmão” de Amarante, será justo dizer-se que o Parque Florestal tem sido uma espécie de ventilador. Desde 1916, tem funcionado como viveiro de espécies que vão permitindo a reflorestação da Serra. Mas não é só por esta via que o Parque está presente na memória dos amarantinos.
A nossa reportagem de novembro – assinada pela Maria Cláudia Monteiro – olha para a relação que, ao longo de gerações, as pessoas foram mantendo com essa “sala de visitas amarantina”. É uma presença que se foi manifestando por via da economia, do desporto, do lazer, do convívio. Uma presença que mora nas memórias de muitos: um passeio de domingo; ir ver os patos e outros animais que faziam as delícias dos mais pequenos; cenário de fotos de casamento e piqueniques; espaço para praticar ténis, jogar futebol, pescar ou dar uma corrida; ou até para seguir pistas e aprender as espécies de árvores, no caso de quem foi escuteiro e passou pelo Ribeirinho. Lugar de descanso, calma e sombra fresca. E, literalmente, casa, como aconteceu com as irmãs Maria João e Laura Trigo.
É certo que o Parque Florestal não está reduzido a viver apenas na memória dos amarantinos. Continua aberto ao público, a ser palco de iniciativas. Mas, como transparece da reportagem da FT, trata-se de um uso que fica bem aquém das potencialidades e do privilégio que é ter-se um parque urbano com estas características. Devolver o espaço às pessoas significa restaurar memórias, mas não só. Implica pensar em novos usos e novas infraestruturas que façam do Parque Florestal um lugar de Comunidade, de todos e para todos. Parece estar aberto o caminho para esse processo.
Amanhã é dia 1 de dezembro. Seria o dia de aniversário do jornal Flor do Tâmega. Do que nasceu em 1886. Já não somos esse jornal, claro. Muito mudou entretanto. Mas mantemos o propósito de falar do que é relevante para as pessoas de Amarante. O primeiro de dezembro é também o dia de aniversário da Banda Musical de Amarante, com quem o Flor do Tâmega comemorou durante muitos anos. As minhas memórias desta celebração são da Rampa Alta, a redação que conheci por dentro, durante a infância e a adolescência (tenho poucas memórias da Feitoria), até à mudança para a Lixa. São recordações de música, figos e um copinho, claro. E de cheiro a frio. Era um dia bonito.